Batarda (a figura)


Light Portrait Pink (Liquitex) e Gloss Medium & Varnish (Liquitex) sobre tela de algodão montada sobre estrutura de MDF e pinho; 80 x 50 cm

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Dentro do heterogéneo panorama artístico do século XXI, a tarefa de um professor de pintura tende a complicar-se, podendo até passar por antiquada ou obsoleta. Mas nos dias que correm, mais difícil do que ensinar pintura, é fazê-lo bem. Mais difícil ainda é ser-se “O Professor” de pintura. Este “Professor” é para mim, sem margem para dúvidas Eduardo Batarda. Pelo que percebi (se bem o aprendi), o seu maior truque reside em não insistir em ensinar a pintar, mas no ensino da pintura.
Incluir um retrato de Eduardo Batarda nesta exposição, no Museu das Belas Artes do Porto, tem simultaneamente, as intenções de homenagem pessoal e de “site specific”. Perante tal responsabilidade as minhas naturais hesitações acabaram por ser resolvidas no formato que aqui apresento, de aspecto bastante simples. Uma pequena “shaped canvas” com uma rápida intervenção de aspecto inacabado, utilizando a cor “light portrait pink” da Liquitex, directamente do tubo. A utilização da cor directa, o formato da tela que foge ao rectangular e o jogo de subjectividade entre o momento de começar e finalizar uma obra, são três exemplos de acções que definem alguns dos paradigmas da pintura moderna que entendi concentrar nesta peça. No entanto, o principal objectivo que persigo neste trabalho é obviar a relação entre o “dentro” e “fora” da pintura. Neste caso particular a representação não acontece no interior da pintura mas definido pela totalidade do objecto-quadro, que representa o perfil de Eduardo Batarda. Aqui, o professor não habita o enquadramento da pintura, é a própria pintura dentro da Faculdade de Belas Artes do Porto.